A pesquisa comparou os padrões de envelhecimento do homem com os de outros primatas, como chimpanzés e gorilas. Os resultados foram publicados na edição desta sexta-feira (11/3) da revista Science.
“Humanos vivem por muitos anos além de seu auge reprodutivo. Se fôssemos como os outros mamíferos, começaríamos a morrer rapidamente assim que atingíssemos a meia-idade, mas isso não ocorre”, disse Anne Bronikowski, da Universidade do Estado do Iowa, um dos autores do estudo.
“Há esse argumento antigo na literatura científica de que o envelhecimento humano seria único, mas não tínhamos dados de primatas selvagens, além de chimpanzés, até recentemente”, disse Susan Alberts, da Universidade Duke, outra autora do trabalho.
Os pesquisadores combinaram dados de estudos de longo prazo de sete espécies de primatas selvagens: o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), encontrado no Brasil; o macaco-prego-de-cara-branca (Cebus capucinus), da Costa Rica; o cinocéfalo (Papio cynocephalus), um tipo de babuíno, e o macaco-azul (Cercopithecus mitis), ambos do Quênia; chimpanzés (Pan troglodytes) da Tanzânia; gorilas (Gorilla beringei) da Ruanda; e o lêmur sifaka (Propithecus verreauxi), de Madagascar.
A pesquisa se centrou não no declínio inevitável na saúde e na fertilidade que chega com a idade avançada, mas no risco de morte. Quando as taxas de envelhecimento dos humanos – aumento no risco de mortalidade com a idade – foram comparadas com dados de quase 3 mil outros primatas, elas se mostraram absolutamente dentro do espectro dos primatas.
“Os padrões humanos não são notadamente diferentes, mesmo levando em conta que os primatas selvagens experimentam fontes de mortalidade das quais o homem pode estar protegido”, destacaram os autores.
Os resultados também confirmaram um padrão observado em humanos e no reino animal: na média, as fêmeas vivem mais do que os machos. Dos primatas analisados, excluindo o homem, a diferença de mortalidade entre machos e fêmeas se mostrou menor no muriqui-do-norte. Na espécie, tanto o nível de agressão às fêmeas como a competição entre os machos na hora de procriar foram os menores observados.
O artigo Aging in the natural world: comparative data reveal similar mortality patterns across primates (doi:10.1126/science.1201571), de Anne M. Bronikowski e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.
Agência FAPESP