Até mesmo em fazendas eles são utilizados, numa mistura popularmente conhecida como creolina, para evitar a contaminação do leite ordenhado. Estão, inclusive, presentes na natureza, em diversos vegetais. O problema é que eles são pouco solúveis, quando apresentam baixo peso molecular, e também tóxicos, dependendo da concentração.
O que o professor Everton fez foi otimizar uma tecnologia que consegue remover dos resíduos das empresas esses compostos. Em vez de tentar mineralizar totalmente (converter a dióxido de carbono e água) estes compostos no meio ambiente, ele fez o contrário. “Induzimos a precipitação pela diminuição da solubilidade na água para conseguirmos separá-los por sedimentação ou filtração”, explica o professor Everton. Ele acrescenta que essa reação é um processo natural só que, no meio ambiente, demora anos. Ao utilizar enzimas, ele conseguiu tornar esse processo instantâneo.
Para entender melhor, o processo pode ser comparado com o sal na água. Em um copo de água, um pouco de sal pode facilmente se dissolver. Mas se colocarmos uma grande quantidade de sal, este torna-se sólido e separado do líquido. Essa diminuição na solubilidade é mediada por enzimas chamadas lacases.
O assunto foi o tema da tese de doutoramento, defendida mês passado pelo professor Everton na Universidade Federal de Santa Catarina. E ainda este mês começará a ser aplicado na prática em escala piloto com efluentes obtidos de indústrias que apresentam problemas com derivados fenólicos.
Apesar do poder tóxico desses compostos, nem todos os órgãos ambientais fiscalizam a incidência de fenóis em efluentes. Nas regiões do país em que a fiscalização inclui este item, as empresas utilizam um processo bastante rudimentar e pouco eficiente, tratando os efluentes como esgoto. “Não há ainda uma tecnologia que possa ser aplicada para resolver essa questão”, ressalta o professor Everton.
A partir dos resultados obtidos no projeto piloto, que será financiado pelo CNPq através do Programa PIBIT, o professor espera obter dados que possam recomendar economicamente o processo por ele criado.
Assessoria de Imprensa
Unisul – Universidade do Sul de Santa Catarina