Era conhecida a importância do córtex visual primário para a percepção visual, mas a nova pesquisa indica que o tamanho dessa área também modula a interpretação da experiência visual.
Samuel Schwarzkopf e colegas apresentaram séries de ilusões ópticas a 30 voluntários saudáveis. Entre as imagens estavam a conhecida ilusão de Ebbinghaus, na qual dois círculos iguais são envoltos por círculos (ou “pétalas”): pequenos para um e grandes para o outro. A maioria das pessoas vê o círculo envolto pelas pétalas menores como maior, mesmo sendo do mesmo tamanho do outro.
Em outra ilusão de óptica, ou “do trilho de trem”, duas imagens de mesmo tamanho parecem diferentes por estarem em posições diferentes no trilho em relação ao observador: mais perto e mais longe, sendo que a segunda dá a impressão de ser maior.
Os pesquisadores verificaram que os voluntários viam as ilusões diferentemente. Alguns viam uma grande diferença (ilusória) entre as imagens de mesmo tamanho, enquanto para outros a diferença era pouco perceptível.
Por meio de imagens de ressonância magnética funcional, os cientistas mediram a área superficial do córtex visual primário de cada voluntário. Observaram uma grande variação de tamanho na região.
Surpreendentemente, foi verificada uma forte relação entre o tamanho do córtex visual e a extensão em que os voluntários percebiam a ilusão de óptica: quanto menor a área, mais pronunciada foi a ilusão.
“Nosso trabalho mostra que o tamanho de um pedaço do cérebro de uma pessoa pode ser usado para prever como ela percebe o ambiente visual”, disse Schwarzkopf. “Como vemos o mundo depende muito de nossos cérebros, do tamanho da área que o cérebro separa para o processamento visual.”
O artigo The surface area of human V1 predicts the subjective experience of object size (doi:10.1038/nn.2706), de Samuel Schwarzkopf e outros, pode ser lido por assinantes da Nature Neuroscience em www.nature.com/neuro/journal/vaop/ncurrent/abs/nn.2706.html.
Agência FAPESP