Em 2006, com a ideia de mostrar a alunos de mestrado o efeito maléfico da hipergravidade no crescimento das plantas, a professora Thais Russomano, da Faculdade de Medicina, iniciou um experimento que as submeteu a uma gravidade de 7G, sete vezes a gravidade da Terra. Porém, como não era possível deixar a centrífuga ligada durante a noite, o experimento foi deixado de forma intermitente. Ou seja, as plantas foram submetidas a uma variação de gravidades, o que pode ter feito com que o teste obtivesse um resultado diferente do esperado.
A rúcula, espécie utilizada inicialmente nos testes, apresentou crescimento acima do comum. Ela teve seu crescimento inicial em quatro dias, cerca de 30% do tempo normal observado no grupo controle. A intermitência faz com que haja um alongamento nas células das plantas, mas a razão ainda não é conhecida. "Uma possibilidade é que o estresse causado pela interrupção do movimento da centrífuga cause o aumento", explica Leandro Astarita, professor da Faculdade de Biociências e um dos integrantes do grupo, que conta ainda com a participação das Engenharias Química, Mecânica, Mecatrônica e da Farmácia. A pesquisa está sendo desenvolvida no Laboratório de Farmácia Aeroespacial Joan Vernikos e no Centro de Microgravidade.
As plantas não crescem uniformemente. No experimento com a rúcula, observou-se que a raiz foi o órgão que mais se desenvolveu. A ideia é verificar se o farmacógeno - parte do vegetal ou animal em que estão os princípios ativos terapêuticos - teria um crescimento mais significativo. Além da rúcula, o grupo também trabalhou com a lavanda e a cenoura, mas ainda não obteve resultados expressivos.
A ideia agora é descobrir a razão exata do fenômeno e realizar o experimento em outras plantas pertencentes à mesma família das espécies estudadas, que tenham uso terapêutico. A hipergravidade seria ideal para esse fim por não utilizar produtos químicos ou manipulação genética, não sendo um processo agressivo. "O aumento do crescimento e da germinação de plantas é fundamental para várias áreas, como a indústria de cosméticos, alimentícia e farmacêutica. O estresse da hipergravidade apenas causa uma reação de defesa da planta", argumenta a professora Thais. "É uma inovação, algo que pode ser utilizado na terra e no espaço, em naves espaciais e em colônias extraterrestres", acrescenta.
A pesquisa foi apresentada nos salões de iniciação científica da PUCRS e da UFRGS, além de ter sido selecionada e apresentada na mostra Conecta 2010, em São Paulo. Recentemente recebeu um incentivo de R$ 17 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), que deve ser usado para ampliar o estudo e desenvolver uma nova centrífuga para os experimentos.
Assessoria de Comunicação Social - PUCRS / ASCOM