Uma espécie de “check-up urbanístico” que garanta à Rodoviária e aos setores vizinhos saúde para enfrentar os próximos 50 anos da cidade.
A cada dia, entre 600 e 800 mil pessoas circulam pelo terminal que separa as asas Sul e Norte. Maria Rosa Abreu, coordenadora do projeto Cidade Verde, do Decanato de Extensão (DEX), e uma das idealizadoras do concurso, destaca que, apesar do intenso movimento, o trânsito de pedestres é pouco favorecido nesses setores. “A Rodoviária não conta com calçamento adequado nem arborização”, observa. “E as pessoas com deficiência são as mais prejudicadas”, completa Maria Rosa, que é professora da Faculdade de Educação.
Segundo ela, o local que abrigou a pedra fundamental de Brasília no fim da década de 1950 se distanciou de sua função original nas últimas décadas. “Lucio Costa queria a Rodoviária como um espaço de convivência dos cidadãos, mas hoje não há estrutura cultural, tecnológica e social para isso”. Os problemas na área central da cidade não param por aí. A poucos metros do terminal, o badalado Setor Comercial Sul (SCS) é um festival de infrações principalmente pelo excesso de veículos e a falta de vagas.
Na avaliação do coordenador Cultural do IAB, Thiago de Andrade, a degradação da área central de Brasília, especialmente o Setor Comercial Sul, tem como uma das causas a cultura do carro, que prevalece em Brasília. “É preciso rever todo o sistema de circulação, acessibilidade e de transporte público da área central”. Para o arquiteto, a sustentabilidade e modelos alternativos de transporte devem ser levados em conta para modificar a paisagem do lugar sem alterar o tombamento da obra, registrada como Patrimônio Cultural da Humanidade em 1987.
FUTURO – Os organizadores do concurso apostam no brilhantismo dos universitários para coletar soluções criativas e inovadoras para o “coração” de Brasília. Os projetos urbanísticos para a região – que ainda engloba os setores Bancário, Hoteleiro e a Esplanada dos Ministérios – podem ser entregues até 23 de maio. E a mente que apresentar a melhor ideia leva R$ 5 mil pela contribuição. O segundo e o terceiro lugares também serão premiados: R$ 3 mil e R$ 2 mil respectivamente.
Thiago de Andrade, ex-aluno da UnB, ressalta que a concurso vai permitir uma prévia dos futuros projetos arquitetônicos para a capital. “Os estudantes serão os futuros profissionais da área”, observa. “O principal objetivo, no entanto, é fomentar o debate de ideias para os próximos anos”. Se depender do número de inscritos até o momento a disputa vai ser acirrada. “Já temos mais de 300 inscritos, inclusive estudantes de outros países como México e Argentina”, conta a professora Maria Rosa.
O resultado do Concurso Internacional de Ideias para Estudantes de Arquitetura e Urbanismo Brasília +50 “Setores Centrais do Plano Piloto de Brasília Rumo ao Centenário” será divulgado no dia 5 de junho. “Essa é uma data oportuna, pois trata-se do Dia Mundial do Meio Ambiente”, diz Maria Rosa, reforçando o convite aos estudantes de arquitetura interessados.
Confira o edital e saiba mais sobre o concurso aqui.
UnB Agência