O sírius emite uma luz mais intensa e extremamente focalizada e, com isso, o pesquisador consegue obter mais informações sobre o objeto estudado. "Não é uma pequena mudança, é um avaço muito significativo", argumenta Roque.
Um paleontólogo poderá, por exemplo, estudar as propriedades de um ovo fossilizado. "Se não fosse a luz, ele teria que quebrar e abrir o material para estudar. Agora, ele terá uma imagem tridimensional com ótima resolução", explica Roque. Outro exemplo de aplicação é um estudo na área de Biologia, que compara as propriedades da pêra e da maçã. Os cientistas pesquisam o que ocorre para a pêra apodrecer primeiro que a maçã.
A jornada para criar o laboratório começou no início da década de 1980. Os entraves enfrentados pelos pesquisadores vinham da própria comunidade científica brasileira, com o argumento que não havia pessoas qualificadas para construir o acelerador de partículas e poucos pesquisadores interessados na técnica.
“Os mesmos argumentos que eram usados para banir o projeto serviram de apoio. O CNPq foi um grande incentivador, porque a intenção era transformar o Brasil um lugar de referência sobre o assunto”, explica Roque. Em 1997, o laboratório, construído com tecnologia nacional, foi inaugurado. Agora, em 2010, o desafio é outro. Para o país continuar sendo competitivo na área, o governo precisa destinar US$ 200 milhões para a construção do sírius. Os protótipos da nova fonte já começaram a ser desenvolvidos.
A expectativa é que o laboratório do sírius esteja pronto daqui a seis anos.
PESQUISA – O LNLS não pertence a nenhuma universidade. É um espaço que oferece infraestrutura para receber pesquisadores. Cerca de 40% das pesquisas desenvolvidas no laboratório são de cientistas de São Paulo, 40% do restante do Brasil, 14% da Argentina e o restante de outros países. Para utilizar o LNLS, é preciso submeter o estudo a um comitê de avaliação. O período de inscrições para 2010 está aberto até 29 de outubro. As inscrições podem ser feitas pelo site www.lnls.br.
Em 2009, cerca de 2.300 cientistas utilizaram o laboratório. Na UnB, pesquisadores das áreas de Química, Física e Biologia já aproveitaram a fonte de luz brasileira. O vice-diretor do Instituto de Física da UnB, Geraldo José da Silva, trabalha com luz síncrotron desde 2000. Ele conheceu a técnica na Noruega, quando fez seu pós-doutorado em Física da Matéria Condensada.
UnB Agência