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Ciência e Tecnologia
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cerebroUma nova descoberta sobre o papel do neurotransmissor dopamina no sistema de recompensa do cérebro poderá ajudar a compreender melhor os problemas de compulsão associados a dependência e a diversos distúrbios psiquiátricos. O estudo, feito por cientistas das universidades de Michigan e de Washington, nos Estados Unidos, concluiu que, ao contrário do que se estimava, diferenças nos tipos de resposta a estímulos ambientais entre indivíduos podem influenciar padrões químicos no cérebro relacionados à recompensa. Segundo os pesquisadores, a maior compreensão dessas diferenças poderá levar ao desenvolvimento de novos tratamentos e de formas de prevenção para o comportamento compulsivo. Os resultados da pesquisa foram publicados nesta quinta-feira (9/12) no site da Nature e sairão em breve na edição impressa da revista.
“Conseguimos responder a uma antiga dúvida sobre qual é o papel da dopamina no sistema de recompensa”, disse Shelly Flagel, da Universidade de Michigan, primeira autora do artigo.

Os cientistas usaram uma variação de um experimento clássico, no qual um rato aprende a associar uma alavanca com a obtenção de uma recompensa, no caso, comida. No novo estudo, os animais não precisavam pressionar a alavanca, uma vez que os cientistas estavam testando a importância do mecanismo como sinal do surgimento de comida.

O que não se sabia era se dopamina liberada no cérebro dos ratos estava relacionada à alavanca como previsão do surgimento de comida ou se a liberação do transmissor já se daria apenas pela visão da alavanca.

A resposta, segundo o estudo, depende do tipo de rato em questão, ou do tipo de indivíduo. “Algumas pessoas veem um cartaz de uma sorveteria e para elas é apenas isso: um simples sinal de que há uma sorveteria por perto. Mas outras têm uma reação forte ao sinal, uma associação tão intensa com os sorvetes que os leva a até mesmo sentir o gosto e, frequentemente, a entrar e consumir o produto”, disse Shelly.

Os pesquisadores estudaram ratos que foram procriados seletivamente para que tivessem certos traços comportamentais, entre os quais diferentes tendências para drogas aditivas. O grupo inclinado para as drogas direcionou mais a atenção para a alavanca, enquanto que os demais se importaram mais com o local em que a comida aparecia.

Os cientistas mediram as respostas à dopamina no cérebro dos ratos à medida que variavam em frações de segundo. A análise mostrou que o grupo orientado ao uso de drogas teve um “salto de felicidade” apenas com a visão da alavanca, o que não ocorreu com os demais. Além disso, nesse grupo, o desejo pela alavanca continuou mesmo após a recompensa ter sido removida.

“O estudo ajuda a entender como, em algumas situações, a dopamina amplifica as mensagens do mundo à nossa volta, assumindo um papel importante no controle de comportamentos”, disse Huda Akil, outro autor do estudo.

O artigo A selective role for dopamine in stimulus-reward learning (doi:10.1038/nature09588), de Shelly B. Flagel e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.

Agência FAPESP